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Você já se perguntou por que um cabo mais grosso conduz melhor a eletricidade do que um cabo mais fino? Ou por que cabos longos podem causar quedas de tensão? A resposta está na Segunda Lei de Ohm – uma das descobertas mais fundamentais da eletricidade que explica exatamente como as características físicas de um condutor afetam sua resistência elétrica.
Se você é um amante do assunto, este artigo vai transformar sua compreensão sobre resistência elétrica. Vamos descomplicar esse conceito essencial de forma prática e objetiva!
Quem foi Georg Simon Ohm
Georg Simon Ohm foi um físico e matemático alemão que estudou na Universidade de Erlangen, na Bavária. Suas experiências revolucionaram nosso entendimento sobre eletricidade, estabelecendo as bases matemáticas que relacionam tensão, corrente, resistência e resistividade.
As Leis de Ohm são consideradas os primórdios da eletricidade – conhecimentos fundamentais que todo profissional da área precisa dominar.
Enquanto a Primeira Lei relaciona tensão, corrente e resistência, a Segunda Lei vai mais fundo, explicando o que determina a resistência de um condutor.
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O que é a Segunda Lei de Ohm
A Segunda Lei de Ohm estabelece uma relação clara e direta:
“A resistência elétrica de um condutor homogêneo é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à área de sua seção transversal, além de depender do material de que é feito.”
Em termos práticos, isso significa:
- Cabo mais longo = Maior resistência
- Cabo mais grosso (maior área) = Menor resistência
- Material diferente = Resistência diferente
A fórmula da Segunda Lei de Ohm
A expressão matemática que define a Segunda Lei é:
R = ρ × (L/A)
Onde:
- R = Resistência elétrica (Ω – ohms)
- ρ (rho) = Resistividade do material (Ω.m – ohms por metro)
- L = Comprimento do condutor (m – metros)
- A = Área da seção transversal (m² – metros quadrados)

Para cabos cilíndricos
Como a maioria dos cabos elétricos têm formato cilíndrico, a área da seção transversal é calculada por:
A = π × r²
Onde “r” é o raio do condutor.
Entendendo a resistividade: O “DNA” elétrico dos materiais
A resistividade é uma propriedade intrínseca de cada material – como uma impressão digital elétrica. É representada pela letra grega ρ (rho) e medida em ohms por metro (Ω.m).
Características da Resistividade:
- É uma propriedade imutável de cada material;
- Varia drasticamente entre diferentes substâncias;
- Pode mudar com a temperatura;
- Determina se um material é bom ou mau condutor.
Tabela de resistividade dos principais materiais
Material | Resistividade (Ω.m) |
Prata | 1,6 × 10⁻⁸ |
Cobre | 1,7 × 10⁻⁸ |
Alumínio | 2,8 × 10⁻⁸ |
Quartzo Fundido | 75 × 10¹⁸ |
Curiosidade: Você percebeu por que usamos cobre nos cabos elétricos? Além do custo relativamente baixo, ele possui uma das menores resistividades, minimizando as perdas de energia!
Os três fatores que controlam a resistência
1. Comprimento do condutor (L)
Relação: Diretamente proporcional
Imagine a corrente elétrica como água correndo por uma mangueira. Quanto mais longa a mangueira, maior será a resistência ao fluxo. O mesmo acontece com os elétrons em um condutor.
Na prática:
- Instalações elétricas longas precisam de cabos mais grossos;
- Linhas de transmissão usam alta tensão para compensar as perdas;
- Em residências, tomadas distantes do quadro podem ter quedas de tensão.
2. Área da seção transversal (A)
Relação: Inversamente proporcional
Voltando à analogia da mangueira: uma mangueira mais larga permite maior fluxo de água. Cabos mais grossos oferecem mais “espaço” para os elétrons passarem.
Na prática:
- Chuveiros elétricos usam cabos grossos (6mm², 10mm² ou mais);
- Circuitos de iluminação usam cabos menores (1,5mm² ou 2,5mm²);
- A escolha errada pode causar superaquecimento.
3. Material do condutor (ρ)
A resistividade determina a “facilidade” com que os elétrons atravessam o material
Cada material tem uma estrutura atômica diferente, o que afeta diretamente como os elétrons se movimentam através dele.

Condutividade: O lado positivo da moeda
A condutividade elétrica (σ) é o inverso da resistividade:
σ = 1/ρ
Unidade: Siemens por metro (S/m)
Enquanto a resistividade mede a “dificuldade” de conduzir eletricidade, a condutividade mede a “facilidade”.
Para materiais condutores, é mais prático pensar em termos de condutividade.
Como a temperatura afeta a resistividade
Este é um aspecto crucial a se conhecer:
Metais Puros
- Temperatura ↑ → Resistividade ↑
- O calor aumenta a vibração dos átomos, dificultando a passagem dos elétrons
- Por isso equipamentos elétricos esquentam quando sobrecarregados
Semicondutores (Silício, Germânio)
- Temperatura ↑ → Resistividade ↓
- O calor libera mais elétrons para condução
- Princípio usado em sensores de temperatura
Soluções eletrolíticas
- Temperatura ↑ → Resistividade ↓
- Íons se movem mais facilmente com o calor
Fórmula para variação com temperatura
Para temperaturas até 400°C:
R = R₀ × [1 + α × (T – T₀)]
Onde:
- R₀ = Resistência na temperatura de referência T₀
- α = Coeficiente de temperatura do material
- T = Temperatura atual
Aplicações práticas da Segunda Lei de Ohm
1. Dimensionamento de cabos elétricos
- Calcular a bitola necessária para evitar quedas de tensão
- Determinar perdas em linhas de transmissão
- Escolher o material mais econômico
2. Projeto de resistores
- Criar resistores com valores específicos
- Projetar elementos de aquecimento
- Desenvolver sensores de temperatura
3. Controle de circuitos
- Fabricação de potenciômetros
- Projeto de extensômetros
- Desenvolvimento de transdutores

Diferença entre Primeira e Segunda Lei de Ohm
Aspecto | Primeira Lei | Segunda Lei |
Foco | Relação V-I-R | Fatores que determinam R |
Fórmula | V = R × I | R = ρ × (L/A) |
Aplicação | Cálculos de circuito | Projeto de condutores |
Variáveis | Tensão, corrente, resistência | Geometria e material |
Conclusão:
A Segunda Lei de Ohm não é apenas uma fórmula para decorar – é uma ferramenta poderosa que explica o comportamento fundamental da eletricidade. Compreendê-la permite:
- Fazer escolhas mais inteligentes na seleção de materiais
- Prever problemas antes que aconteçam
- Otimizar projetos elétricos para eficiência e segurança
- Entender por que certas práticas são recomendadas
Em eletricidade, não existe mágica – existe ciência. E a Segunda Lei de Ohm é uma das peças fundamentais desse conhecimento que todo precisam saber!